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8/25/2011

DESCOBERTA DO ALAMBOR DO CASTELO EM TOMAR

Alambor do Castelo Templário de Tomar - Pequenos reparos

A recente descoberta de elementos arqueológicos no Convento de Cristo em Tomar levou-nos a escrever este pequeno artigo, não só para os enquadrar – e lembramos que somos simples amadores nestas coisas – mas também para divulgar as imagens que têm circulado na internet. De certo que a seu tempo irão surgir novidades quanto à descoberta por quem de direito e de autoridade nestas matérias.


A descoberta (e destruição de parte) decorre das obras de alargamento e adaptação da estrada que dá acesso ao Convento de Cristo, precisamente na curva à direita de quem sobe antes de chegar ao parque de estacionamento, também conhecido como Terreiro D. Gualdim Paes ou Cerrado dos Cães.


Estamos em crer que fosse presumível a existência de vestígios do antigo alambor, debaixo do aterro que existe nesse lugar, se tivermos em atenção a sua existência nas imediações. Todavia, e pelo facto de estar esse local afastado alguns metros da torre (na esquina da fachada e na qual teria assentado uma antiga torre), não fizesse adivinhar existir no local o que se veio a revelar, não obstante ser do conhecimento geral o alambor actualmente existente se prolongar das muralhas por alguns metros consideráveis.

Nas imediações do local existe, tal como se pode ver nas fotos publicadas pelo http://tomaradianteira.blogspot.com/ pedras emparelhadas, mas que nitidamente nos parecem ser apenas de um muro de contenção de terra, pedras essas que podem ser já um aproveitamento de alambor anteriormente desmantelado, ao contrário do que se descobriu e, comprova-se, pelas diferentes inclinações verificáveis entre ambos os “muros”. Poderá dar-se o caso de estarmos em presença de uma espécie de sapata de suporte da antiga muralha mas caberá aos especialistas estabelecer a sua verdadeira função. A nosso ver, e comparando com o que apontam como sendo alambor, as semelhanças são por demais evidentes o que deve permitir certificar estarmos na presença de antigo alambor.


Imagens provenientes do blog citado e da autoria de António Francisco Rebelo 
ao qual agradecemos a divulgação do achado

Uma parte significativa do primitivo castelo templário ao longo dos séculos sofreu algumas alterações, das quais a ala norte, totalmente destruída em consequência das novas edificações que nesse local se ergueram, já tardiamente, não permite estabelecer com segurança a configuração que apresentaria, ao contrário da ala sul do castelo que parece estar ainda de acordo com a traça de tempos coevos da sua fundação.

Gravura do séc. XVII – Local da descoberta do alambor

Apesar da ala norte ter sido totalmente arrasada, restam hoje, apesar dessa destruição, vestígios de uma possível torre que terá ficado coberta (e meia soterrada) pela nova construção, já do período Filipino, no cotovelo nordeste do castelo, ainda hoje passível de ser vista. (não publicamos fotografia do interior por não termos  pedido autorização, pelo que nos limitamos a publicar foto já colocada na internet relativa a um dos nossos evento no qual a visitámos)

 


No entanto, e à falta de outros vestígios materiais, podemos socorrer-nos de documentação que dêem noticias do que possa ter existido nessa ala norte antes das demolições e reconstruções levadas a cabo. Pela celeridade que este artigo impõe, não temos tempo de apresentar os documentos originais, mas aproveitamos o que Viera Guimarães escreve na sua obra “Ordem de Cristo”, para ficarmos a saber da existência de mais uma torre na proximidade da torre já referida.

O local referido pelo Vieira Guimarães é do da actual
 portaria Filipina e não da torre da foto anterior

Portanto, com base no que apresentamos, e dentro de uma perspectiva lógica foram traçadas várias hipóteses conjunturais para essa zona norte, das quais a mais recente de que temos conhecimento é apresentada por Nuno Villamariz na obra “Castelos Templários” editada pela Ésquilo, não primando por qualquer evolução configurativa em relação à que Lacerda Machado havia feito em 1939, mas assentando agora em plantas mais rigorosas do que as que existiam na altura.

 Nuno Villamariz na obra “Castelos Templários” editada pela Ésquilo

Pois bem, e se até agora temos falado em traçados conjunturais e possibilidades que não têm elementos arqueológicos que sustem ou comprovem as ideias que se têm desenhado, existe agora a possibilidade de aprimorar o conhecimento que existe quanto à forma que a muralha assumia nessa ala norte, onde porventura existira a designada porta da traição, caso se avance com verdadeiras escavações arqueológicas, nem que seja como forma de compensar o que se perdeu com a sua descoberta.

Não somos especialistas no tema, mas pelo o que nos foi permitido ver “in loco”, quer pessoalmente por um dos membros o Cethomar, quer pelo levantamento fotográfico que se veio a conhecer, ficamos com a ideia que possa se ter descoberto eventualmente o suposto alambor que se adivinhava também para essa zona, à semelhança do que existe a circundar as restantes muralhas, não obstante também ser conjuntural o alambor que se pensa ter existido a ocidente da Charola.

Todavia, e como já frisamos, foi o castelo sujeito a constantes alterações e reparações, não sendo de confiar que o alambor que hoje conhecemos seja de facto obra original, talvez reconstrução do que sem dúvida terá sido implementado no castelo de Tomar como inovação militar oriundo de um saber acumulado pelos Templários, nomeadamente por Gualdim Paes, quando das sua estadia na Terra Santa.

Gostaríamos de ter aproveitado este momento para dar a conhecer mais sobre a arquitectura militar, nomeadamente outros exemplos da aplicação do alambor em outros castelos, assim como, poder debruçarmo-nos um pouco mais sobre as plantas conjunturais que até hoje foram feitas e argumentos que as sustentaram, mas escasso é o tempo para que mais nos alonguemos.

Terminaremos então com um pequeno reparo ao alambor actualmente existente, o qual pode não ser de facto alambor primitivo, facilmente verificável pelas fotos que registam as obras de restauro das muralhas e do próprio alambor. Se é certo Gualdim Paes ter dotado este baluarte com alambor, só nos resta então pensar que ao longo da história tentou-se o preservar, não obstante não se verificar na gravura do Baldi de 1669 que apresentámos, podendo no entanto ser um mero detalhe que não tenha tido lugar de representação ou até eventualmente estar escondido por debaixo de aterro e vegetação, a qual como todos sabemos, insiste em o cobrir como se de uma manta de tratasse.



 Reconstrução do Alambor

 Troço de muralha novo e alambor coberto de vegetação – ano de 1887


Especial agradecimento ao Cetarquivo e ao seu coordenador Sérgio Tavares pela prontidão com que respondeu ao apelo de fazer este post para publicação ainda no noite em que surgiu a ideia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Grata pela qualidade das informações
Berta

Anónimo disse...

Sai hoje notícia no jornal

RUI GONÇALVES disse...

Sai ou saiu? Sabemos que saiu.

Anónimo disse...

Destruiram essas pedras porque gananciosos pensaram que iam encontrar alguma coisa enterrada e nunca vamos saber o que já terão posto aos bolsos.
Olho aberto.